FUNDAMENTOS DO HUMANISMO CALVINISTA
1.1 Humanismo Calvinista: Influência
Erasmiana?
O Renascimento
foi um movimento artístico, científico e
literário que floresceu na Europa entre o período corresponde à Baixa Idade
Média e início da Idade Moderna (do século XIV ao XVI). Os humanistas
valorizavam os temas em torno do homem e a busca de conhecimentos e inspiração
nas obras da Antigüidade clássica, onde Platão é seu grande ídolo. Na
renascença, o pensamento medieval,
dominado pela religião, cede lugar a uma cultura voltada para os valores do
indivíduo. Os pensadores do Renascimento consideravam que o homem era a mais
importante criatura de Deus, uma vez que por intermédio da razão, podia
explicar muitas coisas, e por inteligência e sabedoria, esclarecia e inventava
muitas coisas. Daí a idéia que casava renascentismo e humanismo de que o ideal
educativo não era mais o perfeito cidadão, o santo, mas sim o homem culto.
Portanto, o Renascimento foi marcado pelo antropocentrismo, pelo naturalismo e
pelo racionalismo. No antropocentrismo,
Erasmo (1469-1536); no racionalismo, Maquiavel (1469-1527).Aliás, a
fonte original de todo o humanismo renascentista foi o retorno a literatura
clássica. A época era de redescoberta e reinterpretação da produção cultural da
Antigüidade clássica greco-romana. Os filósofos e alguns teólogos desse período
consideravam que o homem era a mais importante criatura de Deus, uma vez que,
por intermédio da razão, podia explicar muitas coisas e, por sua inteligência e
perspicácia, esclarecia ou inventaria outras coisas, daria uma interpretação
diferente da interpretação tradicional da igreja, e poderia esclarecer mais
sobre todas as coisas.
Para Costa, 2000, p. 14. “Na verdade, a Reforma
Protestante é resultado de uma
série de eventos que antecederam
tal movimento”.
A influência de Erasmo no pensamento de Calvino é sem
dúvida um dos pressupostos do seu humanismo[1]. Erasmo,
assim como de muitos importantes autores do renascimento, é retomar a grandeza
de seu pensamento que abrange a emergência do ser humano em sua plenitude
criativa de passagem de um velho para um novo mundo. Temas como ética, Estado e
religião são abundantes nesses pensadores que também incluem a formação do
homem como imprescindível a este novo mundo.
“O
sistema teológico de Calvino foi o mais elaborado e científico corpo de dogma
produzido no campo Protestante. Lutero foi um poderoso revolucionário com uma
profunda intuitiva sensibilidade religiosa que, no entanto, nunca conseguiu
reduzir a um sistema. Melanchthon foi um discípulo e nunca o proclamador
pioneiro de umateologia. Zuínglio foi o produto de diversas
influências e atuou somente sob o impulso de eventos específicos; ele não foi
um teólogo sistemático” (Henry S. Lucas, The Renaissance and the
Reformation, New York: Harper & Brothers Publishers, 1934, p.).
“Esse humanismo
cristocêntrico, essa nova imagem do homem, redescoberta pelo Cristianismo reformado,
permitia a cada indivíduo compreender que sua natureza atual era uma natureza
degradada e que devia ser restaurada. Mas essa nova concepção permitia-lhe também
descobrir que ele trazia em si, como toda pessoa, os traços maravilhosos de sua
identidade primeira. Cada indivíduo podia, portanto, conhecer-se a si mesmo e
redescobrir que toda a criação era também convidada para sua renovação (Rm
8.20-21)”. Ver: (André Biéler, A
Força Oculta dos Protestantes, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p.
47).
Biéler resume:
“A Reforma de Calvino
é, de princípio e essencialmente, uma reforma teológica; tem em mira em
primeiro lugar as relações do homem com Deus. Não é senão secundariamente, e em
conseqüência destas relações, que a Reforma assume teor moral, social, político
e econômico. (...) O homem é primariamente determinado em seu comportamento moral
e social por suas relações com Deus; são elas que comandam o destino e lhe condicionam
a vida individual e social. Logo, não há fazer de Calvino algo outro que um teólogo;
e grande erro seria querer detrair de seu pensamento uma doutrina moral, ou
política, ou econômica, independente de sua teologia” (André Biéler, O
Pensamento Econômico e Social de Calvino, São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, 1990, p. 257).
O humanismo
secular de Erasmo foi criticado por Calvino, embora ele tenha apropriado dos
seus princípios. Vale neste sentido as observações do filosofo calvinista Schaeffer. Ele aponta que os homens fossem
capazes de, por si mesmo, racionalmente, encontrar uma unidade na diversidade
total . alguma explicação adequada para toda a realidade. Mas, ao perceber que não encontraria um campo
racional unificado capaz de conter todo o pensamento, o homem se prendeu dentro
de uma escuridão total, que Schaeffer chama de estar: Abaixo da linha do
desespero.
Partindo somente do
homem, o humanismo da Renascença, embora impulsionador do humanismo da era
moderna e do movimento da reforma[...] não encontrou meio de alcançar os
universais ou absolutos que dão sentido à existência e à moral. (SCHAEFFER,
2003, p. 33)
[1] Para uma pesquisa mais exaustiva e abrangente do
renascimento, ver: DANIEL-ROPS. A Igreja da Renascença e da Reforma, vol.4.
Tradução de Américo da Gama. São Paulo: Editora Quadrante, 1996; DELUMEAU,
Jean. A Civilização do Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa, 1984;
GARIN, Eugênio. "O filósofo e o mago", in: O Homem
Renascentista. Lisboa: Editorial Presença, 1991; SICHEL, Edith. O
Renascimento, 3ª ed.. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1977.
Nenhum comentário:
Postar um comentário