terça-feira, 27 de maio de 2014

A questão da “imago dei” em Calvino

1. A questão da “imago dei” em Calvino

Para Calvino, o fundamento cristão para se relacionar com a política e com a sociedade está no ensino bíblico acerca do homem. Em outras palavras, a antropologia de Calvino parte das Escrituras para entender o homem como ser político e social. Ele parte da afirmação primeira de que os seres humanos são decaídos, e sua imagem divina desfigurou-se, porém, a despeito de sua natureza pecaminosa, eles são ainda imagem de
Deus (Gênesis 1.26,27; 9.6). A imagem de Deus em todas as pessoas (Gênesis 1.27) não
foi completamente obliterada pela queda. Ele bebeu em Santo Agostinho para reafirmar os fundamentos da antropologia cristã a qual  viria a tornar-se boa parte da ética protestante. Já dizia Agostinho no século IV:

“Como nossos ouvidos captam nossas palavras, os ouvidos de Deus captam nossos pensamentos. Não é possível agir mal quem tem bons pensamentos. Pois as ações procedem do pensamento. Ninguém pode fazer alguma coisa, ou mover os membros para fazer algo, se primeiro não preceder uma ordem de seu pensamento, como do interior do palácio, qualquer coisa que o imperador ordenar, emana para todo o império romano; tudo o que se realiza através das províncias. Quanto movimento se faz somente a uma ordem do imperador, sentado lá dentro? Ao falar, ele move somente os lábios; mas move-se toda a província, ao se executar o que ele fala. Assim também em cada homem, o imperador acha-se no seu íntimo, senta-se em seu coração; se é bem e ordena coisas boas, elas se fazem; se é mau, e ordena o mal, o mal se faz” [Agostinho, Comentário aos Salmos, São Paulo: Paulus, (Patrística, 9/3), 1998, Vol. III, (Sl 148.1-2), p. 1126-1127].


A centralidade da doutrina do Imago Dei para Calvino é reforçada pelo fato de ele ter iniciado sua edição das Institutas com a seguinte afirmação sobre o Imago Dei:

A fim de que cheguemos a um conhecimento seguro de nós mesmos, devemos primeiramente aceitar o fato de que Adão, progenitor de todos nós, foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26,27). Isto é, ele foi dotado de sabedoria, eqüidade, santidade, e foi tão imbuído por esses dons de graça perante Deus que poderia ter vivido para sempre nele, se permanecesse firme na integridade que Deus lhe havia dado (Institutas 1536; 1975, 21).

A compreensão antropológica de Calvino vai alem da de Erasmo e aproxima de Lutero e Agostinho. A antropologia calvinista  é resultado do todo de  sua teologia. Antropologia não está dissociada da teologia, eclesiologia, soteriologia, escatologia e do direito, embora este último como mandatos social e cultural.

Para Costa, (2008: p.11), Calvino é um teólogo que com profundo conhecimento das Santas Escrituras, vai delinear o seu pensamento, aplicando os ensinamentos da Palavra às diversas esferas da vida humana, a começar pela genuína compreensão de quem é o homem e como Deus deseja que vivamos neste mundo. Portanto, toda a sua análise parte da Revelação de Deus.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTAS:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1970.

ABRÃO, Bernadette Siqueira (org). História da Filosofia. Os Pensadores. São Paulo: Abril Nova Cultural 1999.

ADAMS, Ian & DYSON, R.W.. Cinquenta Pensadores Políticos Essenciais: da Grécia antiga aos dias atuais. Tradução: Mario Pontes. Rio de Janeiro: Editora Difel, 2006.

AGOSTINHO, Santo.  A Cidade de Deus. Traduzido do latim por J. Dias Pereira. 2. ed. Lisboa: FCG, 2000. 3 v. (v.1: Livro I a VIII; v. 2: Livro IX a XV; v. 3: Livro XVI a XXII).

ALMEIDA, Joãozinho Thomaz de. Calvino e sua herança. Vitória Espírito Santo, 1996.

BARRET, David B. World Christian encyclopedia: A comparative study of churches and religions in the modern world. New York: Oxford University Press,1982.

BARRO, Antonio Carlos. A consciência missionária de João Calvino. Fides Reformata. São Paulo. v. 1, n . 3. p, 38-49, 1998.


BEEKE, Joel R..  A Busca da Plena Segurança: O Legado de Calvino e Seus Sucessores. Recife: Editora Os Puritanos, 2003.

BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã. Tradução de: Helmuth Alfred Simon, São Paulo: ASTE & Simpósio, 1998.
BEZA, Theodore. The life of John Calvin. In: Books for the Ages. Albany: Ages Software. 1998. CD-ROM.

BIERMA, Lyle D. A relevância da teologia de Calvino para o Século 21. Fides Reformata. São Paulo. v. 7, n. 2, p. 9-20, 2003.

BITTAR, Eduardo C. B. Doutrinas e Filosofias Políticas: contribuições para a História da Ciência Política. São Paulo: Atlas, 2002.

BIÉLER, André. O Pensamento Econômico e Social de Calvino. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990, 

______________. A força Oculta dos Protestantes. São Paulo: Cultura Cristã, 1999.

BLACKMAN, H. J. Humanism. New York: Penguin,1968.

BOISSET, Jean. História do protestantismo. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1971.

BOBBIO, Norberto. Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino; trad. Carmen C, Varriale et ai.. Dicionário de Política. Coordenação, tradução e revisão de  João Ferreira e Luis Guerreiro Pinto Cacais. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 11ª edição, Vol. I e II, 1998.

________________. Liberalismo e Democracia. Brasília: Editora UnB, 2005.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1987.

CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1990.

CALVINO, João. Cartas de João Calvino, tradução de: Marcos Jose Soares de Vasconcelos. São Paulo: Cultura Cristã, 2009.

_______________. As institutas ou tratado da religião cristã, São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, S/C, Vol. I, II, III, IV, 1985.

________________. As institutas da religião cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa. 4 Vols. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.


_______________. Respuesta al cardeal Sadoleto. 4. ed. Barcelona: FELIRE, 1990.

_______________. Golden booklet of the true christian Life. 6ª ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1977.

________________. As pastorais. São Paulo: Paracletos, 1998.

________________. Exposição de romanos. São Paulo: Paracletos, 1997.

________________. A verdadeira vida cristã. São Paulo: Novo Século, 2000.

_______________. Efésios. São Paulo: Paracletos, 1998.

_______________. Exposição de hebreus. São Paulo: Edições Paracletos, 1997.

_______________. Gálatas. São Paulo: Paracletos, 1998.

_______________. Instrução na fé. Goiânia: Logos Editora, 2003.

_______________. O livro dos salmos. Vols. 1 e 2. São Paulo: Paracletos, 1999.  

_______________. Catecismo de Genebra: In: Catecismos de la iglesia reformada. Buenos Aires: La Aurora, 1962.

CAMPOS, H. C. A filosofia da educação de Calvino e a função da Academia de Genebra. Fides Reformata, São Paulo, v. 5, n. 1, jan./jun. 2000.

CATROGA, F. Entre Deuses e Césares: secularização, laicidade e religião civil: uma perspectiva histórica. Coimbra: Almedina, 2006.

CAVALCANTI, Robinson. Cristianismo & política: teoria bíblica e prática histórica. Viçosa: Editora Ultimato, 2002.

CERNI, Ricardo. História Del protestantismo. Barcelona: Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1999.

CLOUSE, Robert G. et al. Dois reinos: a igreja e a cultura interagindo ao longo dos séculos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.

COETZÉE, J. Chr. Calvino y el estudio. In: HOOGSTRA, Jacob T. Juan Calvino: profeta contemporaneo. Barcelona: Tarrasa. 1973.

COMÊNIO, João Amós. Didática magna: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1957.

COSTA, Hermisten Maia Pereira. Calvino de A a Z. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

__________________________. João Calvino: O humanista subordinado ao Deus da Palavra. Fides Reformata. São Paulo. v. 2, n. 4, p.155-182, 1999.

___________________________. O pensamento de João Calvino. São Paulo: Editora Mackenzie, 2000. v.2 (Série colóquios).


__________________________. A Reforma, a Fé e o Homem. São Paulo: Seminário Teológico Presbiteriano JMC, 2008. 

__________________________. Trabalho, Poupança e Frugalidade. Maringá: 3º Congresso Internacional de Ética e Cidadania, 2007.

__________________________. A Igreja e a Ação Social: In: Nossa Fé, A Resposta da Bíblia a questões modernas. São Paulo: Cultura Cristã, s/d.

__________________________. Antropologia Reformada: Uma Visão bíblica do homem. São Paulo: Seminário Teológico PresbiterianoJose Manoel da Conceição, 2001.

CHÂTELET, François (org.).  História da Filosofia, idéias, Doutrinas: O Iluminismo. Rio de Janeiro: Zahar. 1982.

CULLMAN, Oscar. Cristo e política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.

DANIEL-ROPS. A igreja da renascença e da reforma: I. A reforma protestante. São Paulo: Quadrante, 1996.

DENIS, Marcelle. A reforma e a educação: In: MIALARET, Gaston & VIAL, Jean, dirs., História mundial da educação. Porto: RÉS-Editora, (s.d.), Vol. 2.

DARTON, Robert. Os filósofos podam a árvore do conhecimento: a estratégia epistemológica da Encyclopédie. IN: O Grande Massacre de Gatos. São Paulo: Graal. 1986.

DELUMEAU, Jean. Nascimento e Afirmação da Reforma. Trad. João Pedro Mendes. São Paulo: Editora Pioneira, 1989

DILLENBERGER, John. The Geneva Church. In: John Calvin: selections from his
writings. Scholars Press. 1975

DOWNS, Robert B. Fundamentos do Pensamento Moderno. Rio Janeiro: Ed. Renes. 1969

FARIA, Eduardo Galasso. João Calvino: textos escolhidos. São Paulo: Pendão Real, 2008.   

FEBVRE, Lucien. Erasmo, la Contrarreforma y el espiritu moderno. Barcelona: Ediciones Martinez Roca, 1971.

FERREIRA, Wilson Castro. Calvino: Vida, Influência e Teologia.  Campinas: Luz Para o Caminho, 1985.
FISHER, John. What on the World Are we Doing? Ann Arbor: Vine Books, 1996.

FORELL, George W.. Christian social teachings. Minneapolis, Minnesota: Augsburg Publishing House. 1966

______________. History of Christian ethics. Minneapolis, Minnesota: Augsburg Publishing House, 1979.

GARDNER, E.C. A ordem política. Em: Fé bíblica e ética social. São Paulo: ASTE, 1965, p. 364-400.

GILSON, Étienne. Filosofia na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
GILMONT, Jean-François. “Reformas protestantes e leitura”. In: CHARTIER, Roger & CAVALLO, Guglielmo (org). História da Leitura no Mundo Ocidental. São Paulo: Editora Ática, 1999.

GONDIM, Ricardo.  É Proibido.  São Paulo: Mundo Cristão, 1998.

GONZALES, Justo. Uma História Ilustrada do Cristianismo. 10 volumes. São Paulo: Vida Nova, 1995.

________________. Uma história do pensamento cristão. 3 vols. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

GOUVÊA, Ricardo Quadros. Calvinistas também pensam: Uma Introdução à Filosofia Reformada. Fides Reformata. São Paulo. v. 1, n. 1, p. 48-59, 1996.

GRAHAM, W. Fred. The Constructive Revolutionary: John Calvin and His Socio-Economic Impact. Richmond, Virginia: John Knox, 1971.

GREEN. V. H. H. Renascimento e Reforma: A Europa entre 1450 e 1660. Lisboa:  Publicações Dom Quixote, 1984.

GREGGERSEN, Gabriele. O Protestantismo e os valores éticos. Disponível em: . Acesso em: 07 dez. 2004.

______________________. Perspectivas para a educação cristã em João Calvino. Fides Reformata. São Paulo. v. 7, n. 2, p. 61-83, 2003.

GRIMM, Harold J. The Reformation era 1500-1650. New York: MacMillan Publishing, 1973.

HARI, Robert. Les placards de 1534. In: MEYLAN, Henri (Org). Aspects de la propagande religieuse. Genebra: Droz. 1957, p. 79-142.

HALSEMA, Thea B. Van. João Calvino era assim. São Paulo: Editora Vida Evangélica, 1968.

HILL, Christopher. Origens intelectuais da revolução inglesa. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

HOOGSTRA, Jacob T. Juan Calvino, profeta contemporáneo. Grand Rapids, Mich.CLIE, 1973.

HORDERN, William. 1983. Experience and Faith: The significance of Luther for understanding today’s experiential religion. Minneapolis, Minnesota: Augsburg Publishing Company.

HORTON, Michael S. O Cristão e a Cultura (S. Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998.

INNES, William C. Social concern in Calvin’s Geneva. Allison Park, Pennsylvania: Pickwick Publications, 1983.
IRWIN, C. H. Juan Calvino: su vida y su obra. Barcelona: Editorial Clie, 1991.

KANTOROWICZ, Ernst Hartwig. Os Dois Corpos do Rei: um Estudo sobre Teologia Política Medieval. Tradução por Cid Knipel Moreira. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1998.
LARA, Tiago Adão. Caminhos da Razão no Ocidente: A Filosofia Ocidental do Renascimento aos nossos dias. 5ª ed. Petrópolis : Vozes, 1993, vol. 3.

LAUSANNE Occasional Papers No. 21. Evangelism and social responsibility. Grand Rapids Report: A joint publication of the Lausanne commitee for world evangelization and the world evangelical fellowship, 1982.

LEITH,  John H. John Calvin’s Doctrine of the Christian Life (Louisville: Westminster/John Knox, 1989.

LÉONARD. Emile G. Histoire générale du Protestantisme. v. 1. Paris: P.U.F, 1961.

LEWIS, Gillian. The Geneva Academy. In: DUKE, Alastair. Calvinism in Europe 1540-1620. Cambridge University Press. 1994, p. 35-63.
LOPES, Augustus Nicodemus. Calvino e a Responsabilidade Social da Igreja (São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1999.
LINGLE, Walter L., Presbyterians: Their History and Beliefs. Richmond: John Knox, 1960.

LINDSAY, T.M. La reforma en su contexto histórico. Barcelona: CLIE, 1985.

LINDER, R.D. Igreja e estado. Em: ELWELL, Walter A. (Ed.). Enciclopédia histórico-teológica da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova, 1990, Vol. II, p. 297-303.

LINDBERG, Carter. As Reformas na Europa. Trad. Luis Henrique Dreher e Luis Marco Sander. São Leopoldo: Editora Sinodal, 2001.

LLOYD-JONES, D.M. A igreja e o estado: funções diferentes. São Paulo: PES.

LUTERO, Martinho & CALVINO, João. Sobre a Autoridade Secular. São Paulo: Martins fontes, 2000.


LUZ, Waldyr Carvalho. John Knox o patriarca do Presbiterianismo. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001.


LUZBETAK, L. J. The church and cultures: new perspectives in missiological anthropology. Techny, Illinois: Divine Word,1963.

KUYPER, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.


MACLEOD, John. Scottish theology in relacion to church since the reformacion. Greenville: Reformed Academic Press, 1995

McGRATH, Alister. A Vida de João Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

MCNEILL, John T. The history and character of calvinism. New York: Oxford University Press, 1954

MACKINNON, James. Calvin and the Reformation. New York: Oxford University Press, 1962.

MARTINA, Giacomo. História da igreja: de Lutero a nossos dias, Vol. I o período da
reforma. São Paulo: Edições Loyola 1995.
MATOS, Alderi Souza de. "Amando a Deus e ao Próximo: João Calvino e o Diaconato em Genebra," Fides Reformata II/2 (Julho-Dezembro 1997), pp.69-88.
_____________________. A caminhada cristã na história: a Bíblia, a igreja e a sociedade ontem e hoje. Viçosa: Editora Ultimato, 2005.
MCKEE, Elsie Anne. John Calvin: On the Diaconate and Liturgical Almsgiving. Genebra: Librairie Droz, 1984.
MEETER, H. Henry. Calvinism: an interpretation of its basic Ideas. Grand Rapids:
Zondervan Publishing House, 1939.

NASCIMENTO, Antonio Jose. O Papel Social da Igreja. Governador Valadares: Sínodo de Valadares, 2007.

NOLL, Mark A. Momentos decisivos na história do cristianismo. Trad. Alderi S. Matos. São Paulo: Cultura Cristã, 2000.

NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da Educação no Renascimento. São Paulo: EPU e EDUSP, 1980.

OLSON, Jeaninne E. Calvin and Social Welfare: Deacons and the Bourse Française.  Selinsgrove, Pennsylvania: Susquehanna University Press, 1989.

ORR, James Edwin. Evangelical dynamic and social action, in God, man and church growth. Ed. Alan R. Tippet. Grand Rapids, Michigan: Eerdmans Publishing Company, 1973.

PARKER, Thomas Henry Louis. John Calvin: A biography. Philadelphia, Pennsylvania: Westminster Press, 1975.

______________________. Calvin: An Introduction to his Thought. Louisville: Westminster/John Knox, 1995.

PACKER James I.. Entre os gigantes de Deus: Uma visão puritana da vida cristã. São José dos Campos, Fiel, 1996.

PINHEIRO, Jorge. Teologia e Política. São Paulo: Fonte Editorial, 2006.
RAMOS, Francisco Manfredo Tomás. A Idéia de Estado na Doutrina Ético-Política de Santo Agostinho. São Paulo: Edições Loyola, 1984.  

REID, W. Stanford. Calvino e Sua Influência no Mundo Ocidental.  São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990.
_________________. The impact of Calvinism on sixteenth century culture. Disponível em: Acesso em: 01 nov. 2004.

_________________. Calvin and the founding of the academy of Geneva: In: Westminster Theological Journal, 18, 1955.

RIBEIRO, Daniel. Igreja e estado na Idade Média: relações de poder. Belo Horizonte: Editora Lê, 1995.

RICHARDSON, Don.  O Fator Melquisedeque. (São Paulo: Edições Vida Nova, 1986.

ROTTERDAM, Erasmo. De Pueris e a Civilidade Pueril. São Paulo: Escala, s/d.

___________________. O Elogio da Loucura. São Paulo: Sapienza, 2005.

SILVESTRE, Armando Araújo. Calvino e a resistência ao Estado. São Paulo: Mackenzie, 2003.

SKINNER, Quentin. As Fundações do Pensamento Político Moderno. Tradução de Renato Janine Ribeiro e Laura Teixeira Motta; revisão técnica Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

SCHAEFFER, Francis A. A Fe de los Humanistas, 2ª ed. Madrid: Felire, 1982.

SCHMIDT, Albert-Marie. Jean Calvin et la tradition calvinienne. Paris: Éditions du Seuil. 1971, Maîtres Spirituels.

SINGER, C. Gregg. John Calvin: his roots and fruits. Philadelphia: The Presbyterian and Reformed Publishing, 1974.

SKINNER, Quentin. As Fundações do Pensamento Político Moderno. Tradução por Renato Janine Ribeiro e Laura Teixeira Motta. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
TAWNEY, R. H. A religião e o surgimento do Capitalismo. São Paulo: Editora Perspectiva, 1971.

TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. São Paulo: ASTE. 2000
VAN HALSEMA, Thea B.. João Calvino Era Assim. São Paulo: Editora Vida Evangélica, 1968.
VAN TIL, Henry R. El concepto calvinista de la cultura. Disponível em acesso em: 05 maio 2004.

WALLACE, Ronald. Calvino, Genebra e a Reforma. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.

WARFIELD, Benjamin Breckinridge. Calvin and Calvinism. New York: Oxford University Press, 1931.

WEBER, Max. A Ética Protestante e o espírito capitalista. São Paulo: Pioneira, 1987.

WILHELM, H. Neuser, ed.. Calvinus Sacrae Scripturae Professor: Calvin as Confessor of Holy Scripture. Grand Rapids: Eerdmans, 1994.

WING, Shil Lang. A importância do trabalho em Calvino. Dissertação de mestrado. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2005.


SITES:









http://pt.wikipedia.org/wiki/João Calvino




FUNDAMENTOS DO HUMANISMO CALVINISTA


FUNDAMENTOS DO HUMANISMO CALVINISTA


1.1 Humanismo Calvinista: Influência Erasmiana?

O Renascimento foi um  movimento artístico, científico e literário que floresceu na Europa entre o período corresponde à Baixa Idade Média e início da Idade Moderna (do século XIV ao XVI). Os humanistas valorizavam os temas em torno do homem e a busca de conhecimentos e inspiração nas obras da Antigüidade clássica, onde Platão é seu grande ídolo. Na renascença, o  pensamento medieval, dominado pela religião, cede lugar a uma cultura voltada para os valores do indivíduo. Os pensadores do Renascimento consideravam que o homem era a mais importante criatura de Deus, uma vez que por intermédio da razão, podia explicar muitas coisas, e por inteligência e sabedoria, esclarecia e inventava muitas coisas. Daí a idéia que casava renascentismo e humanismo de que o ideal educativo não era mais o perfeito cidadão, o santo, mas sim o homem culto. Portanto, o Renascimento foi marcado pelo antropocentrismo, pelo naturalismo e pelo racionalismo. No antropocentrismo,  Erasmo (1469-1536); no racionalismo, Maquiavel (1469-1527).Aliás, a fonte original de todo o humanismo renascentista foi o retorno a literatura clássica. A época era de redescoberta e reinterpretação da produção cultural da Antigüidade clássica greco-romana. Os filósofos e alguns teólogos desse período consideravam que o homem era a mais importante criatura de Deus, uma vez que, por intermédio da razão, podia explicar muitas coisas e, por sua inteligência e perspicácia, esclarecia ou inventaria outras coisas, daria uma interpretação diferente da interpretação tradicional da igreja, e poderia esclarecer mais sobre todas as coisas.

Para Costa, 2000, p. 14. “Na verdade, a Reforma Protestante é resultado de uma
série de eventos que antecederam tal movimento”.

A influência de Erasmo no pensamento de Calvino é sem dúvida um dos pressupostos do seu humanismo[1]. Erasmo, assim como de muitos importantes autores do renascimento, é retomar a grandeza de seu pensamento que abrange a emergência do ser humano em sua plenitude criativa de passagem de um velho para um novo mundo. Temas como ética, Estado e religião são abundantes nesses pensadores que também incluem a formação do homem como imprescindível a este novo mundo.

 “O sistema teológico de Calvino foi o mais elaborado e científico corpo de dogma produzido no campo Protestante. Lutero foi um poderoso revolucionário com uma profunda intuitiva sensibilidade religiosa que, no entanto, nunca conseguiu reduzir a um sistema. Melanchthon foi um discípulo e nunca o proclamador pioneiro de umateologia. Zuínglio foi o produto de diversas influências e atuou somente sob o impulso de eventos específicos; ele não foi um teólogo sistemático” (Henry S. Lucas, The Renaissance and the Reformation, New York: Harper & Brothers Publishers, 1934, p.).
“Esse humanismo cristocêntrico, essa nova imagem do homem, redescoberta pelo Cristianismo reformado, permitia a cada indivíduo compreender que sua natureza atual era uma natureza degradada e que devia ser restaurada. Mas essa nova concepção permitia-lhe também descobrir que ele trazia em si, como toda pessoa, os traços maravilhosos de sua identidade primeira. Cada indivíduo podia, portanto, conhecer-se a si mesmo e redescobrir que toda a criação era também convidada para sua renovação (Rm 8.20-21)”. Ver: (André Biéler,  A Força Oculta dos Protestantes, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 47).

Biéler resume:
“A Reforma de Calvino é, de princípio e essencialmente, uma reforma teológica; tem em mira em primeiro lugar as relações do homem com Deus. Não é senão secundariamente, e em conseqüência destas relações, que a Reforma assume teor moral, social, político e econômico. (...) O homem é primariamente determinado em seu comportamento moral e social por suas relações com Deus; são elas que comandam o destino e lhe condicionam a vida individual e social. Logo, não há fazer de Calvino algo outro que um teólogo; e grande erro seria querer detrair de seu pensamento uma doutrina moral, ou política, ou econômica, independente de sua teologia” (André Biéler, O Pensamento Econômico e Social de Calvino, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990, p. 257).
O humanismo secular de Erasmo foi criticado por Calvino, embora ele tenha apropriado dos seus princípios. Vale neste sentido as observações do filosofo calvinista  Schaeffer. Ele aponta que os homens fossem capazes de, por si mesmo, racionalmente, encontrar uma unidade na diversidade total . alguma explicação adequada para toda a realidade.  Mas, ao perceber que não encontraria um campo racional unificado capaz de conter todo o pensamento, o homem se prendeu dentro de uma escuridão total, que Schaeffer chama de estar: Abaixo da linha do desespero.
Partindo somente do homem, o humanismo da Renascença, embora impulsionador do humanismo da era moderna e do movimento da reforma[...] não encontrou meio de alcançar os universais ou absolutos que dão sentido à existência e à moral. (SCHAEFFER, 2003, p. 33)

[1] Para uma pesquisa mais exaustiva e abrangente do renascimento, ver: DANIEL-ROPS. A Igreja da Renascença e da Reforma, vol.4. Tradução de Américo da Gama. São Paulo: Editora Quadrante, 1996; DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa, 1984; GARIN, Eugênio. "O filósofo e o mago", in: O Homem Renascentista. Lisboa: Editorial Presença, 1991; SICHEL, Edith. O Renascimento, 3ª ed.. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1977.