terça-feira, 27 de maio de 2014

FUNDAMENTOS DO HUMANISMO CALVINISTA


FUNDAMENTOS DO HUMANISMO CALVINISTA


1.1 Humanismo Calvinista: Influência Erasmiana?

O Renascimento foi um  movimento artístico, científico e literário que floresceu na Europa entre o período corresponde à Baixa Idade Média e início da Idade Moderna (do século XIV ao XVI). Os humanistas valorizavam os temas em torno do homem e a busca de conhecimentos e inspiração nas obras da Antigüidade clássica, onde Platão é seu grande ídolo. Na renascença, o  pensamento medieval, dominado pela religião, cede lugar a uma cultura voltada para os valores do indivíduo. Os pensadores do Renascimento consideravam que o homem era a mais importante criatura de Deus, uma vez que por intermédio da razão, podia explicar muitas coisas, e por inteligência e sabedoria, esclarecia e inventava muitas coisas. Daí a idéia que casava renascentismo e humanismo de que o ideal educativo não era mais o perfeito cidadão, o santo, mas sim o homem culto. Portanto, o Renascimento foi marcado pelo antropocentrismo, pelo naturalismo e pelo racionalismo. No antropocentrismo,  Erasmo (1469-1536); no racionalismo, Maquiavel (1469-1527).Aliás, a fonte original de todo o humanismo renascentista foi o retorno a literatura clássica. A época era de redescoberta e reinterpretação da produção cultural da Antigüidade clássica greco-romana. Os filósofos e alguns teólogos desse período consideravam que o homem era a mais importante criatura de Deus, uma vez que, por intermédio da razão, podia explicar muitas coisas e, por sua inteligência e perspicácia, esclarecia ou inventaria outras coisas, daria uma interpretação diferente da interpretação tradicional da igreja, e poderia esclarecer mais sobre todas as coisas.

Para Costa, 2000, p. 14. “Na verdade, a Reforma Protestante é resultado de uma
série de eventos que antecederam tal movimento”.

A influência de Erasmo no pensamento de Calvino é sem dúvida um dos pressupostos do seu humanismo[1]. Erasmo, assim como de muitos importantes autores do renascimento, é retomar a grandeza de seu pensamento que abrange a emergência do ser humano em sua plenitude criativa de passagem de um velho para um novo mundo. Temas como ética, Estado e religião são abundantes nesses pensadores que também incluem a formação do homem como imprescindível a este novo mundo.

 “O sistema teológico de Calvino foi o mais elaborado e científico corpo de dogma produzido no campo Protestante. Lutero foi um poderoso revolucionário com uma profunda intuitiva sensibilidade religiosa que, no entanto, nunca conseguiu reduzir a um sistema. Melanchthon foi um discípulo e nunca o proclamador pioneiro de umateologia. Zuínglio foi o produto de diversas influências e atuou somente sob o impulso de eventos específicos; ele não foi um teólogo sistemático” (Henry S. Lucas, The Renaissance and the Reformation, New York: Harper & Brothers Publishers, 1934, p.).
“Esse humanismo cristocêntrico, essa nova imagem do homem, redescoberta pelo Cristianismo reformado, permitia a cada indivíduo compreender que sua natureza atual era uma natureza degradada e que devia ser restaurada. Mas essa nova concepção permitia-lhe também descobrir que ele trazia em si, como toda pessoa, os traços maravilhosos de sua identidade primeira. Cada indivíduo podia, portanto, conhecer-se a si mesmo e redescobrir que toda a criação era também convidada para sua renovação (Rm 8.20-21)”. Ver: (André Biéler,  A Força Oculta dos Protestantes, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 47).

Biéler resume:
“A Reforma de Calvino é, de princípio e essencialmente, uma reforma teológica; tem em mira em primeiro lugar as relações do homem com Deus. Não é senão secundariamente, e em conseqüência destas relações, que a Reforma assume teor moral, social, político e econômico. (...) O homem é primariamente determinado em seu comportamento moral e social por suas relações com Deus; são elas que comandam o destino e lhe condicionam a vida individual e social. Logo, não há fazer de Calvino algo outro que um teólogo; e grande erro seria querer detrair de seu pensamento uma doutrina moral, ou política, ou econômica, independente de sua teologia” (André Biéler, O Pensamento Econômico e Social de Calvino, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990, p. 257).
O humanismo secular de Erasmo foi criticado por Calvino, embora ele tenha apropriado dos seus princípios. Vale neste sentido as observações do filosofo calvinista  Schaeffer. Ele aponta que os homens fossem capazes de, por si mesmo, racionalmente, encontrar uma unidade na diversidade total . alguma explicação adequada para toda a realidade.  Mas, ao perceber que não encontraria um campo racional unificado capaz de conter todo o pensamento, o homem se prendeu dentro de uma escuridão total, que Schaeffer chama de estar: Abaixo da linha do desespero.
Partindo somente do homem, o humanismo da Renascença, embora impulsionador do humanismo da era moderna e do movimento da reforma[...] não encontrou meio de alcançar os universais ou absolutos que dão sentido à existência e à moral. (SCHAEFFER, 2003, p. 33)

[1] Para uma pesquisa mais exaustiva e abrangente do renascimento, ver: DANIEL-ROPS. A Igreja da Renascença e da Reforma, vol.4. Tradução de Américo da Gama. São Paulo: Editora Quadrante, 1996; DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa, 1984; GARIN, Eugênio. "O filósofo e o mago", in: O Homem Renascentista. Lisboa: Editorial Presença, 1991; SICHEL, Edith. O Renascimento, 3ª ed.. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1977.

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